quarta-feira, 28 de julho de 2010

Nosso Chevrolet 1938.

Nosso Chevrolet 1938.

Após um ano(1968) de convivência com a turma da 1ª serie ginasial eu já havia elegido meus melhores amigos, Carlos, seu irmão Wilson o Celso e o Eise; e assim foi 2ª 3ª...etc.etc...
Adolescência... Curtição, festas, esses eram os caras, a famosa Equipingão!
Todos eles apesar de só o Carlos ser “d maior”, sabiam dirigir, seus pais possuíam carro,
davam umas pegadinhas de vez em quando, eu não sabia, mas a vontade de aprender era enorme!
Então vamos a historia...
O Carlão ficou sabendo que em Jundiaí (cidade que fica a 60, 70 km de S.P eu acho) tinha um chevrolet 38 apodrecendo na rua em frente a casa do dono do carro, e que ele venderia bem barato a quem fizesse ele funcionar e retira-lo de lá.
Bom... Nem preciso dizer o assanhamento que se apossou da turma, o cara queria
Cr$ 600,00 e os amigos começaram a fazer as contas para ver quanto caberiam a cada um na divisão, eu fiquei na minha, era o quebrado da turma (até hoje).
Trabalhava de ofice-boy, ganhava salário de menor... Uma merreca, e eles nem me colocaram na partilha, pois sabiam que eu não tinha, mas eu era da turma, só não seria proprietário do “veiculo”.
Tudo bem... Fomos para Jundiaí conhecer a Maquina, me apaixonei de cara, vermelho, parecia carro de mafioso, o vidro traseiro era ovalado pequeno, banco de couro, maravilhoso e não tinha podre não!!! Mas não funcionava... O Carlão que conhecia um pouco de mecânica disse...
- nos vamos fazer essa porra funcionar e vamos comprá-lo!
Na volta a São Paulo ficamos sabendo que o Eise, que nem tinha ido viajar com a gente, havia pulado fora da negociação e com isto iria ficar pesado só para os três (Carlos, Celso, Wilson), tristeza geral, ate eu, que seria só um carona senti, (acho mais do que eles), pois eu via ali a minha oportunidade de aprender a dirigir!
Minha mãe que tinha um espírito mais jovem do que eu, (ela era jovem tinha apenas 30 e alguns, mas sabe como é, mãe é sempre “coroa”). Notou a minha tristeza e perguntou o que estava se passando, eu contei a ela sobre a frustração dos rapazes, e a minha também, por não poder ajudar ($$$), ai ela me saiu com esta...
- vou lhe emprestar CR$150, 00, mas que seu pai não fique sabendo!
Mãe é Mãe!
Alegria geral... na semana seguinte, com o dinheiro no bolso lá fomos nós a Jundiaí fechar negocio,
Mas havia uma grande diferença sobre a 1ª viagem... Éramos agora quatro... os proprietários do Chevrolet 38
Meu primeiro “Carro”!

(A estória de consertar e trazer este carro pra cidade de S.P, Freguesia do O é mais longa ainda, depois eu conto!!! )

Nosso Chevrolet 38 (parte II)

Fechamos negocio com o antigo proprietário do veiculo logo, sem antes mesmo colocar o bólido pra funcionar, e se este era o problema mãos as obras!
A intenção era trazer o carro pra nos curtirmos o carnaval em grande estilo... motorizado!
Tirar as rodas, encher os pneus, trocar o óleo, verificar os freios, tava lá ...oh turma animada, sábado... No domingo voltamos; Limpar carburador, colocar gasolina, lavar o carro, colocar aqua no radiador... Radiador! Ah! Este foi a pedra no nosso sapato; bom...conseguimos por a maquina para funcionar, demos uma volta no bairro lá de Jundiaí e o bicho esquentou que saia ate fumaça da tampa do radiador que ficava na frente com uma estatueta alada encima.
Como já era tarde viemos embora pra S.P pra retornar na próxima semana...o semana difícil de passar, o Carlos procurou saber do porque do esquentamento com o Pintado (pai dele) e este veio com a gente na viagem seguinte, na opinião dele por o carro ter ficado parado muito tempo, o radiador deveria estar sujo, entupido coisa assim! Então vamos lá, tira fora, leva no posto, da um esguicho forte nas colméias do bicho, verificamos os canos, borrachas, tudo em cima, coloca no lugar, aqua nova (filtrada) liga o bicho... vrummmmm...eitaaaa la vamos nos pra estrada, beleza saímos de Jundiaí, a alegria durou bastante, estávamos lá na estrada e começa a sair a teimosa fumacinha do radiador;
- É assim mesmo gurizada... Falou o Pintado pra nos acalmar, mas, alguns km a frente o bicho começou a falhar, falhar ate que parou, lá vai nois empurrar o carro em plena rodovia
Ainda bem que naquela época não tinha o trafego de hoje, e era um domingo, mas mesmo assim veio a policia federal e já chegaram esculhambando, xingando nos que estávamos atrás do “veiculo”, ai empurramos pro acostamento e o nosso motorista desceu...
-Pintado seu filho da p... Como você faz uma coisa desta,
-quer morrer e ainda levar este bando de pivetes com você!
Pois é... O Pintado trabalhava no DNER, era conhecido por todos os policiais... sorte!
Escoltaram nos ate uma fazenda que ficava na beira da estrada, e deixamos nosso “carro”;
Paciência fica pra próxima semana, assim pensado assim feito, domingo cedo lá estávamos-nos de novo, desta vez sem o Pintado e ainda pegamos carona num caminhão que foi parado pelos P.F no posto aqui de sampa, ficamos enturmado com os tiras, obra do Pintado.
Bem... não lembro se nos trocamos o radiador, mas colocamos o baita na estrada de novo, desta vez ele rodou bastante, mas quando chegou em Cajamar...esquentou de novo, parou num posto, e não saiu mais, apareceu um pseudo mecânico e disse que a hélice poderia ter sido trocada, não era a original por ser muito pequena, o Carlão não botou muita fé mas,
- pra próxima nois trais uma hélice nova e bem grande!
Então ta! Mais uns dias... oi nois outra vez, hélice trocada, liga o motor, acelera com o carro em ponto morto...rapaz precisava ver o vento que a hélice nova fazia...Quero ver esquentar agora! Pé na estrada... pé não, pneu na estrada, espera não vai dar...já era tarde tava escurecendo, e a parte elétrica (farol) não estava bom, então fica pra amanhã.
Quarta - feira de cinzas do carnaval do ano de 1970 chegou a S.P o nosso Chevrolet 38!!!
Carnaval... não deu pra curtir! Mas enfim tava lá nosso carro, ficamos com ele poucas semanas, logo apareceu comprador e o Celso que era o rabugento da turma queria vender, e assim o fez, não sei por quanto, mas eu recebi CR$200.00, paguei minha mãe e ainda sobrou CR$50.00, não sei dizer se sai no lucro, pois tivemos despesas nesta maratona ao trazê-lo;
Mas de uma coisa eu tenho certeza, foi uma aventura e tanto, aqueles dias no nosso “carro”!


Gil Cuiabá

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